Liguei a Televisão. Estava a iniciar-se um debate, com a presença de ilustres ex-ministros das Finanças. Sentei-me. Ouvi uma primeira intervenção de Bagão Felix, onde justificava o injustificável - um rol de desculpas baseadas em previsíveis erros não previstos. Recordei-me da sua comunicação ao País, meses atrás, em que, com um discurso paternalista, nos
"ensinou" a gerir a nossa própria casa. Permaneci sentado. Tomou a palavra Pina Moura. Na sequência do que acabava de recordar, afirmou que gerir as contas do País era como gerir as contas de uma família. Se uma familia gastar mais do que ganha mais tarde ou mais cedo entrará em graves dificuldades. Retorci-me com um nervoso miudinho a crescer em mim. De seguida Pina Moura iniciou o discurso de preparação aos Portugueses para o que se aproxima - um maior esforço financeiro das familias, pois
o equilibrio das contas terá que ser feito do lado das receitas como já hoje Vitor Constâncio afirmou. Pensei: Ora bolas. Eu que faço um esforço para manter o equilibrio das contas familiares - mesmo antes dos ensinamentos de Bagão Felix - é que vou ter que pagar outra vez os desequilibrios do Estado? Então eles que nos
"educam" são os primeiros a permitir que a
"mulher e os filhos" gastem o que não têm? Bolas uma vez mais.
Levantei-me e desliguei a TV. Estava farto de ouvir
"gente desgovernada".
Nota: A referência feita à "mulher e os filhos" significa somente O Governo e o Estado. Não haja outra interpretação maldosa...